Buk-chic

Boca na pipeta, sonhos a sete palmos. Vejo que em noites como essa vem a revelação e a lucidez do mundo mágico que ficou atrás do cansaço de todos os dias.Das cobranças de pensar numeros, hipoteses, calorias e crises economicas.

São nessas noites que agradeço a relação com a cidade, a relação com a calçada e o transporte público. Dá até pra ouvir o craquelar do meio fio como que se espriguiçando do dia que passou embaixo do sol. Dá até pra ouvir o titiritar das taças dos que comemoram o fim de semana. Que me desculpe o sol mas a noite as estrelas artificiais que vão até o horizonte fazem que todas as noites sejam sempre uma noite de Natal de auto-confraternização.

Ontem anoiteci no meu melhor Buk-chic (se é que isso é possível). Velha, fumante, descrente, romantica e especial. Sem a breguice do Blood Maria, sem leitura de revista em quadrinhos e com o luxo das minhas pantufas, só me falta uma marquesa com pernas em cabriolé para que o quadro fosse pintado o estilo mais Neo-David-Sherman.